quinta-feira, 4 de abril de 2013


Rock in Rio motivou James Taylor a dar a volta por cima
O cantor James Taylor é outro nome que deixou boas lembranças com suas apresentações. Taylor chegou ao evento desacreditado, vivendo momentos de turbulências em sua carreira e em sua vida pessoal. O que ele não sabia é que possuía uma popularidade incomensurável no Brasil. Fez shows sensacionais e em uma das noites se apresentou diante de 250 mil pessoas, que em uma só voz cantaram músicas como “You’ve Got a Friend”, “Caroline in My Mind” e “Fire and Rain”. O músico americano saiu do Rock in Rio com um disco ao vivo gravado e com a certeza de que poderia colocar a carreira nos trilhos novamente.
A Blitz era de longe a banda de rock nacional que desfrutava de maior popularidade naquele janeiro de 85. Evandro Mesquita e sua trupe fizeram aparesentações que contagiaram o evento com a alegria que se espera de um show de rock. 

Em contra partida, o grupo Kid Abelha e o cantor Eduardo Dusek foram duramente criticados pela plateia; que não soube assimilar a presença deles no festival e os recepcionou com vaias. Contragimento maior foi o de Erasmo Carlos e Ney Matogrosso, medalhões da música brasileira, que viram suas reprovações no evento serem ilustradas sob uma chuva de objetos atirados ao palco.

Temporal não impediu Rod Stewart de animar o público
Nem mesmo o temporal apocalípitico ocorrido no dia 16 daquele janeiro de 1985 impediu Rod Stewart de festejar com o público. Com destreza de Ayrton Senna e carisma de Martin Luther King, Rod pilotou os espectadores e mostrou a segurança de um artista que se sente totalmente confortável ao se apresentar para plateias superiores a 100 mil pessoas. 

Quanto a Ozzy Osbourne, este não vivia um bom momento em sua carreira e estava visivelmente fora de forma. Eram os tempos de maiores loucuras e Ozzy não fazia questão de enconomizar nas bebedeiras e usos de drogas. O resultado foram shows medianos, mas que poderiam ter sido os mais surreais da carreira do madman.
Com a mágica do voo colorido do Yes, a primeira edição do Rock in Rio chegou ao fim. As 200 mil pessoas que foram até a Cidade do Rock naquele 21 de Janeiro de 1985 saíram de lá com a certeza de que, apesar dos pesares, o país estava preparado para receber eventos de grande porte. Ficou no ar a interrogação a respeito de quando é que grandes astros do rock iriam se reunir novamente em um mesmo festival feito em terras brasileiras…


A realização de um novo sonho



Segunda edição do festival aconteceu no Maracanã
Em razão do sucesso da primeira edição, o Rock in Rio deixou um gosto de espera. Mas é um engano acreditar que os roqueiros brasileiros teriam de esperar a pela segunda realização do evento para conferirem a performance de astros internacionais do rock. Em 1988 e em 1990, apesar das adversidades econômicas, o Brasil recebeu o festival Hollywood Rock. Bandas como Bon Jovi, Supertramp e Bob Dylan passaram pelo país e fizeram grandes celebrações musicais.
Apesar do Hollywood Rock e de outras turnês que passaram por terras brasileiras, o Rock in Rio ainda tinha um lugar especial no coração das pessoas. Em 1991, o Rock in Rio II chegou com direito a casa nova. O estádio do Maracanã foi escolhido para ser o templo dos roqueiros que amargaram seis anos agaurdando para juntos estarem ‘todos numa direção, uma só voz, uma canção’. 

O gramado do estádio foi todo preparado para receber o público, que naturalmente também pode ocupar as cadeiras e arquibancadas. Entre os dias 18 e 27 de janeiro daquele ano, o maior estádio do mundo tremeu diante do desfile de astros da música que fizeram valer a pena tanta espera.

Curiosidades a respeito do Rock in Rio II



Billy Idol cobriu a ausência de Robert Plant
A segunda edição do Rock in Rio recebeu um público de 700 mil pessoas, sendo que 198 mil compareceram no dia 26 para assistirem aos noruegueses do A-ha.
O palco tinha 85m de frente por 25m de profundidade, e era rodeado por duas telas de 9m de altura por 7m de comprimento. A iluminação contou com aproximadamente 500 faróis de avião.
Uma enquetes da Rede Globo elegeu o show dos Engenheiros do Hawaii como um dos menos empolgantes da segunda edição do Rock in Rio. 

Porém, o jornal norte-americano The New York Times afirmou que o trio liderado por Humberto Gessiger fez um show de qualidade comparável aos dos astros internacionais.

O cantor Billy Idol a princípio iria tocar somente no dia 19. Porém, foi convocado as pressas para se apresentar no dia 20 porque o roqueiro Robert Plant cancelou, na véspera, o seu show. Plant desitiu de participar do evento por causa da “Guerra do Golfo”.
Parte do disco “Live Baby Live”, do INXS, foi gravada durante o show da banda no Rock in Rio II. O trabalho foi lançado em novembro de 1991.

Axl Rose e Slash levaram brasileiros ao delírio
A banda Barão Vermelho recusou a tocar após serem informados de que não seria permitido a eles fazer a tradicional passagem de som e regular os equipamentos antes do show.
O Rock in Rio II foi palco do último show da turnê da dupla Moraes Moreira & Pepeu Gomes. Na apresentação foi tocada uma música chamada “Paz em Bagdá”, feita nas vésperas da apresentação e até hoje permanece sem registro em disco.


O Guns n’ Roses estreou o baterista Matt Sorum e o tecladista Dizzy Reed  durante o evento. Axl Rose e seus asseclas mostraram ao público brasileiro em primeira mão diversas músicas que seriam lançadas no álbum “Use Your Illusion”.



Um panorama sobre os shows



A segunda edição do festival mostrou-se mais heterogênea em relação a primeira. Artistas consagrados da música ao pop foram convocados para animarem a festa ao lado de pesos pesados do rock. A escalação internacional ficou assim definida:
A-HA, Billy Idol, Colin Hay, Debbie Gibson, Dee-Lite, Faith No More, George Michael, Guns N’ Roses, Happy Monday, Information Society, INXS, Joe Cocker, Judas Priest, Lisa Stansfield, Megadeth, New Kids on the Block, Prince, Queensryche, RUN DMC, Santana e SNAP. Já os artistas brasileiros que tocaram foram: Alceu Valença, Capital Inicial, Ed Motta, Elba Ramalho, Engenheiros do Hawaii, Gal Costa, Gilberto Gil, Hanói Hanói, Inimigos do Rei, Laura Finokiaro, Leo Jaime, Lobão, Moraes & Pepeu, Nenhum de Nós, Orquestra Sinfônica, Paulo Ricardo, Roupa Nova, Sepultura, Serguei, Supla, Titãs, Vid e Sangue Azul.

Por questões de cachê ou intenção de prestigiar a música nacional, a organização convidou mais nomes brasileiros, que em muitas das vezes não decepcionaram, para fazerem shows no Rock in Rio II. Desta vez, a minoria dos artistas fizeram duas apresentações. Este critério foi válido somente para Prince, Carlos Santana, Billy Idol George Michael e aquela que era a banda mais aguardada para o evento: Guns n’ Roses.

Em 1991, o Guns n’ Roses era a maior banda de rock do planeta. Por mais que vários outros grupos gravassem discos maravilhosos e fizessem turnês memoráveis, a popularidade daquele bando de encrenqueiros liderado por Axl Rose fazia do Guns a grande potência do cenário roqueiro. Com dois shows apoteóticos, a banda levou o público ao delírio. Em noites totalmente inspiradas, Axl e seus companheiros esbanjaram carisma, talento e segurança. O baixista Duff McCakgan revelou, anos mais tarde, que até tocar no evento, não sabia que fazia parte de uma das bandas mais amadas pelos roqueiros brasileiros em todos os tempos.

A banda Inimigos do Rei teve participação discreta no festival
Um desacreditado Paulo Ricardo usou de sua inteligência ao disparar no público o seu ‘Olhar 43′ e também uma boa parte do repertório de sua primeira banda, que um dia já foi a maior do rock nacional, o RPM. A plateia cantou junto a maioria das canções e fez o roqueiro sair do festiaval de alma lavada. 

A mesma sorte não tiveram os remanscentes dos anos 80 Inimigos do Rei, Vid e Sangue Azul e Hanói Hanói, que, com perfomances discretas, praticamente fizeram apenas figuração no evento. Já o folclórico Serguei conquistou a simpatia dos presentes com uma lendária execução de Satisfaction, clássico dos Rolling Stones.
O Queensryche chegou ao evento com uma popularidade pequena. Mas fizeram um concerto tão honesto que o público se rendeu a performance da banda ao vivo. Após o Rock in Rio II, a banda conquistou fãs brasileiros e posteriormente voltou ao país para diversos outros shows. Na mesma noite, o Judas Priest fez uma apresentação maravilhosa ao desfilar clássicos de seu heavy metal genuinamente britânico. Na ocasião, o grupo liderado por Rob Halford divulgava o disco “Painkiller”. A plateia sentiu que cada centavo pago pelo ingresso valeu a pena ao ver Halfford aparecer no palco a bordo de uma motocicleta.

Lobão encarou uma enfurecida multidão metaleira
As feições nórdicas dos músicos que formavam a banda A-ha foram responsáveis por forte presença feminina no evento. O vocalista Morten Harket chegou ao festival com o status de galã e não se fez de rogado. 

Diante dos atentos olhares femininos, Harket cantou como nunca e emocionou a plateia ao entoar canções como “Take on Me”, “Hunting High and Low” e “Touch”. O quinteto New Kids on The Block, apesar de imensamente popular, fez um show um tanto quanto morno. Os até então garotos deixaram a sensação de que eram mais forma do que conteúdo.
O grande constrangimento do evento aconteceu com o cantor Lobão, que tocou em uma noite dedicada ao heavy metal. O músico teve a infelicidade de encarar uma plateia que estava aborrecida por ter visto o Sepultura se apreentar somente por 30 minutos. Diante da situação, o público não fez a menor questão de ser solidário ao pop rock de Lobão e rebateu com uma chuva de vaias todas as vezes que o artista tentou cantar. Inevitavelmente, após trocar farpas com parte dos expectadores, Lobão recolheu seus apetrechos e se retirou do palco.

No dia 27 de janeiro, George Michael encerrou a segunda edição do Rock in Rio. O pop maduro do cantor emocionou os brasileiros, que mais uma vez, apesar dos pesares, saiu do local do evento com a sensação de alegria. Como não poderia deixar de ser, a dúvida sobre quando seria a terceira edição do maior festival de música do mundo pairava no ar…

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