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Rock in Rio motivou James Taylor a dar a volta por cima |
A Blitz era de longe a banda de rock nacional que desfrutava
de maior popularidade naquele janeiro de 85. Evandro Mesquita e sua trupe
fizeram aparesentações que contagiaram o evento com a alegria que se espera de
um show de rock.
Em contra partida, o grupo Kid Abelha e o cantor Eduardo Dusek
foram duramente criticados pela plateia; que não soube assimilar a presença
deles no festival e os recepcionou com vaias. Contragimento maior foi o de
Erasmo Carlos e Ney Matogrosso, medalhões da música brasileira, que viram suas
reprovações no evento serem ilustradas sob uma chuva de objetos atirados ao
palco.
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Temporal não impediu Rod Stewart de animar o público |
Quanto a Ozzy Osbourne,
este não vivia um bom momento em sua carreira e estava visivelmente fora de
forma. Eram os tempos de maiores loucuras e Ozzy não fazia questão de
enconomizar nas bebedeiras e usos de drogas. O resultado foram shows medianos,
mas que poderiam ter sido os mais surreais da carreira do madman.
Com a mágica do voo colorido do Yes, a primeira edição do
Rock in Rio chegou ao fim. As 200 mil pessoas que foram até a Cidade do Rock
naquele 21 de Janeiro de 1985 saíram de lá com a certeza de que, apesar dos
pesares, o país estava preparado para receber eventos de grande porte. Ficou no
ar a interrogação a respeito de quando é que grandes astros do rock iriam se
reunir novamente em um mesmo festival feito em terras brasileiras…
A realização de um novo sonho
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Segunda edição do festival aconteceu no Maracanã |
Apesar do Hollywood Rock e de outras turnês que passaram por
terras brasileiras, o Rock in Rio ainda tinha um lugar especial no coração das
pessoas. Em 1991, o Rock in Rio II chegou com direito a casa nova. O estádio do
Maracanã foi escolhido para ser o templo dos roqueiros que amargaram seis anos
agaurdando para juntos estarem ‘todos numa direção, uma só voz, uma canção’.
O
gramado do estádio foi todo preparado para receber o público, que naturalmente
também pode ocupar as cadeiras e arquibancadas. Entre os dias 18 e 27 de
janeiro daquele ano, o maior estádio do mundo tremeu diante do desfile de
astros da música que fizeram valer a pena tanta espera.
Curiosidades a respeito do Rock in Rio II
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Billy Idol cobriu a ausência de Robert Plant |
O palco tinha 85m de frente por 25m de profundidade, e era
rodeado por duas telas de 9m de altura por 7m de comprimento. A iluminação
contou com aproximadamente 500 faróis de avião.
Uma enquetes da Rede Globo elegeu o show dos Engenheiros do
Hawaii como um dos menos empolgantes da segunda edição do Rock in Rio.
Porém, o
jornal norte-americano The New York Times afirmou que o trio liderado por
Humberto Gessiger fez um show de qualidade comparável aos dos astros
internacionais.
O cantor Billy Idol a princípio iria tocar somente no dia 19.
Porém, foi convocado as pressas para se apresentar no dia 20 porque o roqueiro
Robert Plant cancelou, na véspera, o seu show. Plant desitiu de participar do
evento por causa da “Guerra do Golfo”.
Parte do disco “Live Baby Live”, do INXS, foi gravada durante
o show da banda no Rock in Rio II. O trabalho foi lançado em novembro de 1991.
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Axl Rose e Slash levaram brasileiros ao delírio |
O Rock in Rio II foi palco do último show da turnê da dupla
Moraes Moreira & Pepeu Gomes. Na apresentação foi tocada uma música chamada
“Paz em Bagdá”, feita nas vésperas da apresentação e até hoje permanece sem
registro em disco.
O Guns n’ Roses estreou o baterista Matt Sorum e o tecladista
Dizzy Reed durante o evento. Axl Rose e
seus asseclas mostraram ao público brasileiro em primeira mão diversas músicas
que seriam lançadas no álbum “Use Your Illusion”.
Um panorama sobre os shows
A segunda edição do festival mostrou-se mais heterogênea em relação a primeira. Artistas consagrados da música ao pop foram convocados para animarem a festa ao lado de pesos pesados do rock. A escalação internacional ficou assim definida:
A-HA, Billy Idol, Colin Hay, Debbie
Gibson, Dee-Lite, Faith No More, George Michael, Guns N’ Roses, Happy Monday,
Information Society, INXS, Joe Cocker, Judas Priest, Lisa Stansfield, Megadeth,
New Kids on the Block, Prince, Queensryche, RUN DMC, Santana e SNAP. Já os artistas brasileiros que tocaram foram: Alceu Valença,
Capital Inicial, Ed Motta, Elba Ramalho, Engenheiros do Hawaii, Gal Costa,
Gilberto Gil, Hanói Hanói, Inimigos do Rei, Laura Finokiaro, Leo Jaime, Lobão,
Moraes & Pepeu, Nenhum de Nós, Orquestra Sinfônica, Paulo Ricardo, Roupa
Nova, Sepultura, Serguei, Supla, Titãs, Vid e Sangue Azul.
Por questões de cachê ou intenção de prestigiar a música
nacional, a organização convidou mais nomes brasileiros, que em muitas das
vezes não decepcionaram, para fazerem shows no Rock in Rio II. Desta vez, a
minoria dos artistas fizeram duas apresentações. Este critério foi válido
somente para Prince, Carlos Santana, Billy Idol George Michael e aquela que era
a banda mais aguardada para o evento: Guns n’ Roses.
Em 1991, o Guns n’ Roses era a maior banda de rock do planeta.
Por mais que vários outros grupos gravassem discos maravilhosos e fizessem
turnês memoráveis, a popularidade daquele bando de encrenqueiros liderado por
Axl Rose fazia do Guns a grande potência do cenário roqueiro. Com dois shows
apoteóticos, a banda levou o público ao delírio. Em noites totalmente
inspiradas, Axl e seus companheiros esbanjaram carisma, talento e segurança. O
baixista Duff McCakgan revelou, anos mais tarde, que até tocar no evento, não
sabia que fazia parte de uma das bandas mais amadas pelos roqueiros brasileiros
em todos os tempos.
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A banda Inimigos do Rei teve participação discreta no festival |
A mesma sorte não tiveram os remanscentes dos anos 80 Inimigos
do Rei, Vid e Sangue Azul e Hanói Hanói, que, com perfomances discretas,
praticamente fizeram apenas figuração no evento. Já o folclórico Serguei
conquistou a simpatia dos presentes com uma lendária execução de Satisfaction,
clássico dos Rolling Stones.
O Queensryche chegou ao evento com uma popularidade pequena.
Mas fizeram um concerto tão honesto que o público se rendeu a performance da
banda ao vivo. Após o Rock in Rio II, a banda conquistou fãs brasileiros e
posteriormente voltou ao país para diversos outros shows. Na mesma noite, o
Judas Priest fez uma apresentação maravilhosa ao desfilar clássicos de seu
heavy metal genuinamente britânico. Na ocasião, o grupo liderado por Rob
Halford divulgava o disco “Painkiller”. A plateia sentiu que cada centavo pago
pelo ingresso valeu a pena ao ver Halfford aparecer no palco a bordo de uma
motocicleta.
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Lobão encarou uma enfurecida multidão metaleira |
Diante
dos atentos olhares femininos, Harket cantou como nunca e emocionou a plateia
ao entoar canções como “Take on Me”, “Hunting High and Low” e “Touch”. O
quinteto New Kids on The Block, apesar de imensamente popular, fez um show um
tanto quanto morno. Os até então garotos deixaram a sensação de que eram mais
forma do que conteúdo.
O grande constrangimento do evento aconteceu com o cantor
Lobão, que tocou em uma noite dedicada ao heavy metal. O músico teve a
infelicidade de encarar uma plateia que estava aborrecida por ter visto o
Sepultura se apreentar somente por 30 minutos. Diante da situação, o público
não fez a menor questão de ser solidário ao pop rock de Lobão e rebateu com uma
chuva de vaias todas as vezes que o artista tentou cantar. Inevitavelmente,
após trocar farpas com parte dos expectadores, Lobão recolheu seus apetrechos e
se retirou do palco.
No dia 27 de janeiro, George Michael encerrou a segunda
edição do Rock in Rio. O pop maduro do cantor emocionou os brasileiros, que
mais uma vez, apesar dos pesares, saiu do local do evento com a sensação de
alegria. Como não poderia deixar de ser, a dúvida sobre quando seria a terceira
edição do maior festival de música do mundo pairava no ar…
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