quinta-feira, 4 de abril de 2013

A volta do filho pródigo

Terceira edição abraçou a campanha "Por Um Mundo Melhor"

A década de 90 passou, o milênio virou e em uma nova era o público brasileiro foi contemplado com o Rock in Rio III. A terceira temporada do evento voltou para a casa, isto é, foi realizada no mesmo local da edição de estreia, um terreno em Jacarepaguá, na capital do Rio de Janeiro. Porém, desta vez, a “Cidade do Rock” foi preparada para receber 250 mil pessoas por dia. 

O festival decidiu abraçar causas sociais e levantou a bandeira “Por Um Mundo Melhor”, que direcionou foco para projetos socioambientais e educação.
Apesar do imenso intervalo entre a segunda e a terceira edição do Rock in Rio, o público brasileiro já não era mais tão carente. Grandes festivais e grandes turnês passaram pelo país, levando os apreciadores da música em geral ao delírio. Entre 1994 e 1998, o festival inglês Monsters of Rock teve quatro edições brasileiras. Bandas do calibre de Alice Cooper, Dream Theater e Slayer aterrisaram em solos nacionais e deram verdadeias aulas de como se faz um concerto de rock. O já conhecido Hollywood Rock deu o ar de sua graça por cinco anos consecutivos, entre 1992 e 1996. Em uma destas edições, após anos de espera, finalmente os Rolling Stones tocaram para o público brasileiro. Ainda como atrações  do Hollywood Rock, passaram por aqui bandas como Nirvana, Smashing Pumpkins, Aerosmith e a dupla Jimmy Page & Robert Plant, que foi o mais perto que os roqueiros tupiniquins puderam chegar do Led Zeppelin. Porém, como tudo acaba, estes eventos foram extintos e restou ao público brasileiro voltar a sonhar com o Rock in Rio.

Entre os dias 12 e 21 de janeiro, o espírito de ‘todos numa direção, uma só voz, uma canção’ voltou à vida, e aconteceu a terceira edição do Rock in Rio. Foi nessa terceira temporada que surgiram também outros espaços além do palco principal, voltados a apresentações segmentadas por estilos, como música eletrônica e música africana. A tenda Brasil foi uma estratégia da organização para prestigiar artistas de menor fama quando comparados ao nomes que recheavam o elenco estelar.

Curiosidades a respeito do Rock in Rio III


A terceria edição do Rock in Rio recebeu um público total 1,235 milhão de pessoas. Foram consumidos 600 mil litros de cerveja, 630 mil sanduíches e 435 mil refrigerantes.


Dave Grohl comemorou o aniversário no palco
O ator Márcio Gárcia, que comentava o evento pela rede Globo, cometeu uma tremenda gafe durante seus comentários. Garcia se confundiu ao pronunciar o nome do   baterista  do Iron Maiden, Nicko McBrain. O ator acabou chamando o músico pelo  nome de Nicko ‘M.C. Brain’, como se o roqueiro fosse um rapper.

Inicialmente, o Foo Fighters não estava na lista de artistas preferidos da produção do evento. Porém, a equipe de Roberto Medina mudou de ideia ao perceber que a banda de Dave Grohl liderava uma enquete sobre “atrações favoritas” feita no site do festival. Grohl comemorou seu aniversário no dia da apresentação e ganhou um bolo trazido ao palco por sua então esposa, Melissa Auf der Maur (ex-Hole) e um beijo de Cássia Eller.
Fê lemos, baterista do Capital Inicial, fez o show com a mão ferida. Ao descer da van que transposrtava o grupo, ele se machucou com a porta do veículo. Mas nem por isso a banda decepcionou e foi a única atração nacional que teve direito de fazer “bis”.
A banda Papa Roach participou do eveneto graças a uma sugestão, com cheiro de imposição, de Axl Rose, líder do Guns n’ Roses. 
A pouca popularidade deles entre os roqueiros brasileiros fizeram com que o show fosse praticamente despercebido.


O Rappa organizou um boicote ao festival
O Barão Vermelho decidiu dar uma pausa após o show do Rock in Rio. A banda só retomou suas atividades em 2004, mas parou novamente três anos depois e planeja uma volta para 2012.
O músico Nick Oliveri, então baixista da banda Queens of the Stone Age, quase foi preso por tocar sem roupa. Após o incidente, ele declarou que via imagens do carnaval brasileiro e imaginava que o povo não se importava tanto com nudez em público.
As bandas Raimundos, Skank, Jota Quest, O Rappa, Charlie Brown Jr. e Cidade Negra decidiram não participar do festival. Este boicote foi organizado pelo O Rappa, sob a alegação de que a organização não cumpriu o combinado em relação ao horário de sua apresentação. Em solidariedade aos cariocas, os outros grupos decidiram abandonar o evento.

O grupo Oficina G3 tocou na Tenda Brasil, um dos espaços alternativos de shows, e assim tornou-se o único nome da música gospel a participar do Rock in Rio.

Um panorama sobre os shows


Após um hiato de 10 anos, o Rock in Rio voltou arrojado e com um posicionamento mais tecnocrata. Prova disso foi a medida da organização em elevar o grau de diversificação de estilos, já existente no Rock in Rio II, ao elaborar a escalação do evento. Naturalmente que a existência de um elenco heterogêneo tende a atrair mais tribos e consequentemente a arrecadação tende a ser maior. Artistas da música pop, heavy metal, pop rock, axé, samba e rock clássico brindaram, cada um à sua maneira, o público brasieliro com suas perfoamnces.


Cássia Eller foi uma das atrações do Rock in Rio III
Desta vez, ninguém fez duas apresentações e a escalação dos astros internacionais no Rock in Rio III ficou assim definida: Aaron Carter, Beck, Britney Spears, Dave Mathews Band, Deftones, Five, Foo Fighters, Guns N’ Roses, Iron Maiden, James Taylor, Neil Young, N’Sync, Oasis, Papa Roach, Queens of The Stone Age, Red Hot Chili Peppers, R.E.M., Rob Halford, Sting, Sheryl Crow e Silverchair. 

O time de astros nacionais veio formado por: Barão Vermelho, Capital Inicial, Carlinhos Brown, Cássia Eller, Daniela Mercury, Elba Ramalho, Engenheiros do Hawaii, Fernanda Abreu, Funk ‘N Lata, Gilberto Gil, Ira!, Ultraje a Rigor, Kid Abelha, Milton Nascimento, Moraes Moreira, O Surto, Pato Fu, Pavilhão 9, Sandy & Junior, Sepultura e Zé Ramalho.

O veterano Neil Young ministrou uma espécie de comoção coletiva com seu rock direto, simples e sem muitos adereços. A despretensão de Neil era tão notável que ele parecia vestir a mesma camisa que usa ao varrer a sua garagem ao subir no palco com sua Gibson para em seguida disparar acordes arrebatadores. Escudado pela lendária banda Crazy Horse, o roqueiro canadense desfilou canções clássicas como “Hey Hey, My My ” e “Keep on Rockin’ in the Free World”. 

A banda R.E.M. também estava em com níveis máximos de inspiração no momento em que se apresentou no Rock in Rio. Michael Stipe e sua turma fizeram um espetáculo e apresentou todas as canções que o público tinha a intenção de ouvir. Em unisssono, os presentes entoaram a clássica “Loosing My Religion”, momento este que arrancou arrepios até no mais gélido dos seres humanos.

Público atirou objetos em Carlinhos Brown no palco
Uma banda que conseguiu roubar a cena foi o Pato Fu. Os mineiros estava selecionados para tocar na mesma noite que artistas pop, mas pediram para tocar em uma das noites de rock. Os mais céticos chegaram a acreditar que o grupo de Fernanda Takai seria vaiado, pois iria tocar justamente na noite que tinha o Guns N’ Roses como atração principal. Porém, o público presente se divertiu, aplaudiu e respeitou a banda. Quem não teve a mesma sorte nesta noite foi o cantor Carlinhos Brown. O baiano, especializado em axé music, foi duramente hostilizado pelo público presente, que atirou objetos ao palco toda vez que uma música começava a ser tocada. A presença de Carlinhos naquele momento do evento fez valer a máxima de que estava ‘no lugar errado e na hora errada’.
Confirmando a fidelidade dos fãs, sobretudo os brasileiros, o Iron Maiden fez um show apoteótico. Os integrantes da banda consideraram a apresentação uma das mais intensas de toda a carreira. 

Em 2002 chegou ás lojas “Rock in Rio”, o registro em CD e DVD do show do Maiden no festival. Diante de 250 mil pessoas, os britânicos encerraram com chave de ouro a turnê de “Brave New World”. Foi a primeira vez que eles vieram ao país com os guitarristas Adrian Smith, Dave Murray e Janick Gers. No palco se viu a experiência de uma banda que sabe ir exatamente onde os fãs desejam.

Apresentação de Britney Spears gerou controvérsias
Dentre as atrações do evento, os irmãos Sandy e Junior foram sem dúvidas um dos nomes mais contestados. Porém, os filhos do sertanejo Xororó levaram ao palco do evento todos os aparatos que costumavam a usar em seus shows. Bailarinos, trocas de roupa, efeitos especiais que simulavam as quatro estações do ano e todo o repertório de sucessos da dupla. Consequentemente fizeram um ótimo show e agradou a plateia que feliz da vida cantou várias canções junto com a dupla.
A cantora Britney Spears chegou ao Rock in Rio com o gabarito de artista pop mais famoso do evento, mas a perfomance dela naquela noite está longe de ser uma das mais brilhantes de sua carreira. A artista foi vaiada ao mostrar a bandeira dos Estados Unidos, procedimento este que era habitual durante a turnê. Outra polêmica envolvendo a apresentação de Britney são as suspeitas de que ela não cantava realmente durante os seus shows. Posteriormente foi esclarecido que a estrela usou o recurso da “base pré-gravada”, no qual uma gravação com a voz dela cantando as músicas é transmitida enquanto ela canta ao vivo por cima dessa gravação. A justificativa dada para esse procedimento é o grande número de coreografia que seu espetáculo possui, tornando o show totalmente ao vivo impossível.
Foi no palco do Rock in Rio III que o Guns n’ Roses fez o seu primeiro grande show desde 1993. O vocalista Axl Rose e o tecladista Dizzy Reed eram os remanscentes daquela época. A organização trouxe a banda ao evento como demonstração de confiança no apelo popular que Axl sempre teve entre os fãs brasileiros.

 Mas o que se viu no palco foi uma banda totalmente desentrosada e literalmente fora de forma. Rose apareceu em cena com alguns quilos a mais e com a voz um pouco aquém do que era. Com direitos aos tradicionais atrasos e lamúrias, o Guns fez um show que apesar de ter a maioria dos hits deles serviu apenas para matar um pouco saudosismo dos admiradores da banda. Um dos momentos mais interessantes da noite foi quando o guitarrista Robin Finck deu uma demonstração de simpatia ao falar português e interpretar um cover de “Sossego”, de Tim Maia.

Dinho Ouro Preto fez 250 mil pessoas cantarem com o Capital
O Capital Inicial fez sem dúvida o melhor dos shows nacionais no Rock in Rio III. Na ocasião, o país inteiro se rendeu ao “Acústico MTV” dos brasilienses liderados por Dinho Ouro Preto. Com o reforço de Kiko Zambiachi e do lendário guitarrista Marcelo Sussekind, o Capital fez a plateia dançar, pular e cantar junto durante a performance de canções como “O Mundo”, “Natasha” e “Música Urbana”. De todos os artistas brasileiros, o grupo foi o único que voltou ao palco para fazer um “bis” e assim atender ao chamado da galera. A roqueira Cássia Eller também fez um show memorável. No palco do festival, ela deu vida ao seu lado mais irreverente e mostrou os seios durante um cover de “Come Together”, dos Beatles. Além de canções de seu repertório, Cássia fez uma bela homenagem ao Nirvana cantando “Smells Like Teen Spirit”.


Performance do Silverchair impressionou o público
A banda Silverchair fez um show que deixou todos (inclusive a crítica especializada) embasbacados. Aos olhos das garotas roqueiras, o trio liderado por Daniel Johns fazia perfeitamente a conexão ‘forma x conteúdo’. Com a sensação de quem ‘jogava em casa’, os rapazes subiram ao palco e tocaram com personalidade de veteranos. Durante a execução das músicas “Ana’s Song” e “Miss in You love”, o Rock in Rio III vivenciou um de seus momentos mais emocionantes.
Coube ao Red Hot Chili Peppers a missão de encerrar a terceira edição do Rock in Rio. A banda se apresentou diante de 250 mil testemunhas que estavam sedentos por rock de primeira categoria. Apesar de ter feito o show com a sabedoria de tocar os grandes hits de sua carreira, a performance do RHCP não foi tão empolgante quanto se eseprava. Os músicos pareciam ligeiramente cansados e não repetiram a habitual atuação brilhante. Como não poderia ser diferente, o público saiu do local do evento com incerteza de quando veria novamente astros internacionais da música novamente…

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